Ao inundar o mercado de dólares com a emissão de US$ 600 bilhões os americanos, o FED (banco central americano) visa incentivar o consumo (com objetivo de crescer), nesse momento não querem incentivar a poupança. A China, por outro lado, ao controlar sua moeda impedindo que o yuan se valorize, está na verdade querendo coibir o consumo interno e manter seus produtos para exportação a preços competitivos. O intuito da medida tomada pelo FED, chamada de afrouxamento monetário, é evitar o risco de uma deflação. Os americanos tem medo que aconteça por lá (após a crise financeira de 2008) o que aconteceu no Japão depois do estouro da bolha imobiliária e acionária no final dos anos 80. Isto é, o objetivo explícito da medida é evitar uma deflação e melhorar a situação patrimonial das famílias e das empresas, o que se daria por meio de uma melhoria no valor das ações. A medida também visa recuperar o mercado de capitais americano e fazer com que a roda da economia volte a girar. O Japão passou por uma deflação, o país passou mais de uma década sem crescer. Quando se tem uma deflação não se consegue fazer a economia voltar. Ainda que o juro nominal seja zero, o juro real fica positivo porque os preços estão caindo, as pessoas adiam o consumo e a situação patrimonial das empresas vai se deteriorando, mesmo que elas não se endividem. Ou seja, a receita delas é nominal, os preços caem, a receita aperta e o valor da dívida em termos reais vai aumentando. Esse processo todo deve ser evitado. O problema de uma medida dessa natureza é que pode gerar efeitos não intencionais e não desejados. A saber: - uma inflação mais a frente nos EUA, que pode levar a uma corrida descontrolada contra o dólar. - formação de bolhas de ativos em mercados emergentes. - valorização excessiva das moedas nos países emergentes. Tais efeitos levariam a novos desequilíbrios e desarranjos na economia mundial. Portanto, a grande dúvida (que ninguém tem a resposta) é se essa medida vai obter os efeitos que ela busca sem provocar seqüelas indesejadas, ou, se ao contrário, vai provocar as tais seqüelas indesejadas sem trazer os efeitos que persegue. É uma medida de "desespero", que reflete o nível de preocupação dos americanos em não permitir que sua economia viva uma situação semelhante a enfrentada pelo Japão na década de 90.
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