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RAIO-X: GUERRA CAMBIAL | 3a parte - 19/11/2010
Dentro desse contexto de Guerra Cambial, como o Brasil pode ou deve se portar?
Dentro desse contexto de Guerra Cambial, como o Brasil pode ou deve se portar?

Dado que para o Brasil o câmbio flutuante bem como a abertura da economia foram passos de suma importância para organização da economia interna, não podemos perder isso.

O Brasil sofre o efeito colateral da guerra cambial entre os gigantes EUA e China, sendo prejudicado pelo artificialismo cambial chinês e pela política monetária americana com o risco de uma entrada muito grande de capitais resultando numa apreciação adicional do real.

Posto isso, o que deveria ser decidido no G-20? Em economia, existe dentro da "teoria dos jogos" o que se chama de "dilema dos prisioneiros", cada um fazendo aquilo que lhe parece melhor (olhando só para si) leva a uma situação que é pior generalizadamente para todos. Portanto, fica claro que o melhor cenário seria uma solução que servisse a todos os países.

Olhando isoladamente o caso do Brasil, neste contexto, existe algo importante que podemos fazer e que depende só de nós. O câmbio nada mais é que o preço relativo entre os bens comercializáveis (exportados) e os bens não comercializáveis (serviços, principalmente o trabalho). Quando o câmbio brasileiro se valoriza o que ocorre é que fica caro em dólar produzir no Brasil. O custo de produzir aqui fica muito alto em dólar, nós perdemos mercado lá fora e os importados ganham mercado aqui dentro.

Então, que medidas podemos adotar hoje - independentemente de câmbio - para reduzir o custo de se produzir no Brasil? Existe algo óbvio e que clama por ser feito, precisamos reduzir os encargos que incidem sobre a folha salarial das empresas no Brasil, isso corresponde ao efeito de uma desvalorização do câmbio.

O preço em dólar de produzir no Brasil pode cair muito se reduzirmos fortemente o volume de impostos cobrados na contratação e no salário. Incentivando o emprego e aumentando a formalização. É uma grande mudança de preços relativos, barateando o fator trabalho.

Existe um lema em economia que diz que câmbio é salário - é salário em dólar - está caro produzir no Brasil, porque o salário - relativamente a nossa produtividade - está muito alto em dólar. Podemos reduzir o custo do trabalho no Brasil, diminuindo os encargos trabalhistas.

O volume de encargos trabalhistas no Brasil equivale a mais de 9% do PIB brasileiro. Em 16 países emergentes (nossos concorrentes) os encargos trabalhistas representam em média 4,5% do PIB. Cobramos uma proporção exagerada da nossa carga tributária em cima do fator trabalho.

Eventualmente teríamos que inventar outros impostos para compensar a diminuição desses encargos, mas, faz sentido e seria inteligente para o Brasil fazer isso nesse momento. Ou alternativamente, poderíamos pensar em redução dos gastos correntes do governo - que desde o início do Plano Real, vem crescendo a uma taxa de mais de 2 vezes a taxa de crescimento do PIB. O que também permitiria ao BC reduzir os juros - sem colocar em risco o controle da inflação - e por conta disso, atrairíamos menos fluxo de capitais internacionais em busca de altas taxas de juros (remuneração).
Claudia
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